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quinta-feira, 10 de julho de 2014

"Prosa de Quinta"

A MACO está chegando, trazendo discussões, aprendizados, cultura e arte. Mas este não será apenas um momento de mediação de conhecimentos teóricos. Hei seu moço, não mesmo. Aliás este já não é apenas um momento de discussões pragmáticas, afinal esse texto por si já não o faz. A idealização deste projeto não foi uma mera necessidade técnica; a vontade dos que fazem esta equipe não é apenas profissional; o caráter com que vamos ao encontro do Sertão não é de mera casualidade, longe disso. Este encontro foi imaginado, idealizado e gestado no ventre dos nossos asseios por anos a fio.
O que dizer da energia recebida dos sertanejos durante os dia de inscrição, durante nossos encontros regados a extrema cordialidade e satisfação mutua? O que argumentar contra a receptividade e o carinho com que fomos recebidos em suas comunidades, em suas casas? Como esquecer das conversas francas, dos sorrisos largos e dos causos alegres contados a meia sobra na tarde que só Santa Rita tem? Haveria como ignorar o entusiasmo encantador e cheio de propriedade que encontramos em Santa Cruz da baixa Verde? Teríamos como esquecer a disponibilidade, a alegria e a força sincera que emana dos olhos dos que vivem em Jatiúca?
É terra, seu moço. É da Terra que sai o que nos leva ao Sertão do Pajeú. É dela que todos partilhamos o encantamento necessário para aprendermos e é ela que nos convidou, organizadores e participantes, a estarmos juntos. Foi ela que nos fez provar do sabor da simplicidade e é nela que provamos a vitalidade dos nossos sonhos. Foi o chão do Pajéu quem  fez o convite para nos reencontrarmos mais uma vez com a essência humana que presente Terra e nos invade sempre que buscamos verdadeiramente estreitar nossos vínculos com ela.
Eu sei este não é um texto muito informativo, eu sei que estamos apenas divagando sobre subjetividades. Pois é moço, é isso mesmo. Mas é através deste pequeno mergulhar na subjetividade, através deste prosaico “papo de quinta” que eu te convido de novo a aprender mais sobre a sua terra. É com um pouco de lirismo também, por que não? Que eu te pergunto, você conhece a sua terra? Você conhece, de fato, o tipo de relação que está estabelecida entre você e Ela?
E aí então, você me questiona:
_E a MACO vai ser um momento místico?
E eu te digo que ela será pautada pelo conhecimento, pelo trabalho, pela discussão... Mas também te digo que haverá momentos de busca pelo resgate espiritual entre o Homem e a terra, entre o Homem e a origem de todos os frutos que alimentam sua vida.
E você me pergunta intrigado:
_Como assim, e isso tem nome?

E entre risos repondo-lhe que sim. Mas isso já é assunto para outro dia, pra outra quinta, para outra prosa. “Prosa de quinta” por que não? No momento vou deixar a terra falar.

Regresso
  
Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado, na distância!

Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.

Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.                    
(Miguel Torga)


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